Os Matizes Éticos e Políticos na Filosofia Prática: Compreendendo a Distinção

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Na seara da filosofia prática, uma dimensão que lida diretamente com as ações humanas, emergem conceitos essenciais que delineiam nossa interação com o mundo: ética e política. Enquanto a ética se foca na busca pela ação correta e justa, a política adentra o âmbito coletivo da ação, notadamente nas democracias.

Distinguindo-se do que é conhecido como a filosofia do conhecimento, que explora questões sobre como entendemos o mundo, a filosofia prática vai além, abordando como agimos no mundo. Ela se aproxima do questionamento ontológico sobre o que é e, por extensão, da metafísica.

A filosofia prática abriga a ética e a política. Delimitar estas duas é primordial, pois, na ética, busca-se a ação correta e justa, enquanto na política, a busca é pela ação desejada pela maioria em sociedades democráticas.

A ética leva a um comprometimento com o certo e o justo. Ela lança luz sobre a graduação dos adjetivos que a cercam, como o “certo”, o “justo”, o “bom”. Enquanto o certo se opõe ao errado, o justo e o bom indicam uma escala de valores.

A política, em um sistema democrático, geralmente oferece duas opções, as quais frequentemente são rotuladas como direita e esquerda. Ambas as vertentes devem ser embasadas em valores éticos, sendo a ética o pré-requisito. No entanto, a divergência reside nos caminhos propostos.

Na Constituição brasileira, por exemplo, a aspiração por uma sociedade justa, livre e solidária, aliada à erradicação da pobreza, fornece um direcionamento ético. Essa diretriz pode ser abordada de maneira mais socialista, com foco na ação coletiva, ou mais individualista, enfatizando o liberalismo em seu verdadeiro sentido.

Contudo, a projeção ética na política pode gerar conflitos. Quando pessoas associam seus valores éticos a determinadas posições políticas, a discordância frequentemente é interpretada como uma falta de ética. Essa visão pode levar a julgamentos precipitados e a polarizações extremas, prejudicando o diálogo.

É fundamental compreender que na política democrática, a diversidade é essencial. Aceitar que diferentes abordagens podem coexistir sem que uma esteja necessariamente errada é uma premissa fundamental. Contudo, é necessário delinear os limites éticos, excluindo abordagens que promovam violência, guerra e intolerância.

A filosofia prática nos convida a discernir entre o âmbito ético e o político, apreciando sua intersecção e compreendendo que a política democrática exige uma coexistência de ideias, dentro dos limites da ética e do bem-estar coletivo.