O pessimismo machadiano em Memórias Póstumas de Brás Cubas

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Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis explora o tema do pessimismo de forma inovadora e original. O narrador-protagonista, Brás Cubas, é um homem que, ao olhar para trás em sua vida, conclui que ela foi uma grande decepção. Ele não conseguiu realizar seus objetivos, não encontrou o amor verdadeiro e não deixou um legado significativo.

Personagens principais

Brás Cubas é o personagem central do romance e o responsável por narrar sua própria história. Ele é um homem inteligente e perspicaz, mas também é egoísta, arrogante e inconsequente. Seu pessimismo é expresso em seu desinteresse pela vida, sua visão cínica do mundo e sua falta de esperança no futuro.

Outro personagem importante é Quincas Borba, um amigo de Brás Cubas que se torna um dos maiores defensores do positivismo no Brasil. Quincas Borba acredita que o princípio da “razão social” deve ser a base da sociedade e que o homem deve se esforçar para alcançar a felicidade a qualquer custo. No entanto, sua visão do mundo é igualmente pessimista, pois ele acredita que a vida é uma luta constante pela sobrevivência.

Desenvolvimento do tema

O pessimismo de Brás Cubas é desenvolvido ao longo de toda a narrativa. Ele começa sua vida com grandes sonhos e ambições, mas logo percebe que a realidade é muito diferente do que ele imaginava. Ele tenta se adaptar à sociedade, mas sempre se sente deslocado e incompreendido. No final de sua vida, ele conclui que a vida é uma grande decepção e que a única coisa que vale a pena é o prazer imediato.

O pessimismo de Quincas Borba também é desenvolvido ao longo da narrativa. Ele começa acreditando no positivismo como uma forma de melhorar a sociedade, mas logo percebe que essa visão é utópica. O mundo é um lugar cruel e injusto, e o homem está condenado a uma vida de sofrimento.

Cenário, enredo, diálogo e personagens

O cenário de Memórias Póstumas de Brás Cubas é o Brasil do século XIX. Esse cenário contribui para o pessimismo da narrativa, pois retrata um país atrasado e corrupto. O enredo do romance é linear, mas repleto de digressões e ironias. Essas digressões permitem a Brás Cubas refletir sobre sua vida e seus pensamentos, enquanto as ironias contribuem para o tom pessimista da narrativa. O diálogo é um elemento importante do romance, pois permite a Brás Cubas expressar suas ideias e opiniões. Os personagens são desenvolvidos de forma complexa e psicológica, o que contribui para o realismo da narrativa.

Influência sobre outros autores

Memórias Póstumas de Brás Cubas é um romance inovador que influenciou muitos outros autores. O pessimismo machadiano foi adotado por autores como Graciliano Ramos, Érico Veríssimo e João Guimarães Rosa. Esses autores também exploraram o tema do desencanto com a vida e a sociedade.

Reflexão em obras posteriores

O pessimismo machadiano é refletido em obras posteriores de diferentes gêneros literários. Na poesia, por exemplo, o poeta Augusto dos Anjos expressa seu pessimismo em poemas como “Antífona da Morte” e “Morte e Vida Severina”. No teatro, o dramaturgo Nelson Rodrigues também aborda o tema do pessimismo em peças como “A Falecida” e “Vestido de Noiva”.

Memórias Póstumas de Brás Cubas é um romance importante que contribuiu para o desenvolvimento da literatura brasileira. O pessimismo machadiano é um tema universal que continua a ser relevante nos dias de hoje.