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A escala de trabalho 6×1, caracterizada por seis dias consecutivos de trabalho seguidos de apenas um dia de descanso, tem sido objeto de crescente preocupação entre especialistas em saúde e segurança do trabalho. Embora seja uma prática comum em setores que exigem operação contínua, como saúde, indústria e comércio, estudos indicam que essa jornada extenuante pode ter impactos significativos na saúde física e mental dos trabalhadores.
Efeitos na saúde física e mental:
Um estudo publicado no periódico “Journal of Occupational and Environmental Medicine” (1) revelou que trabalhadores submetidos à escala 6×1 apresentam maior risco de desenvolver problemas de saúde como:
- Distúrbios do sono: A privação de sono é frequente entre esses trabalhadores, impactando negativamente o humor, a concentração e o sistema imunológico. (2)
- Doenças cardiovasculares: O estresse crônico associado a longas jornadas aumenta o risco de doenças cardíacas. (3)
- Problemas gastrointestinais: A alteração na rotina alimentar e o estresse podem contribuir para o desenvolvimento de problemas digestivos. (4)
- Transtornos mentais: A exaustão física e mental aumenta a probabilidade de desenvolver ansiedade, depressão e burnout. (5)
Impacto nas relações sociais e na produtividade:
A jornada 6×1 limita o tempo livre para o convívio social, lazer e descanso, comprometendo as relações familiares e o bem-estar emocional. (6) Além disso, a fadiga crônica pode afetar a produtividade e aumentar o risco de acidentes de trabalho. (7)
Legislação e alternativas:
A legislação trabalhista brasileira, em especial a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), estabelece limites para a jornada de trabalho e garante o direito ao descanso semanal remunerado. No entanto, a implementação da escala 6×1 exige atenção especial para garantir que os trabalhadores tenham condições adequadas de trabalho e descanso.
Alternativas como a semana de 4 dias (8) e jornadas de trabalho mais curtas têm sido discutidas como formas de promover o bem-estar dos trabalhadores e aumentar a produtividade. É crucial que empresas e órgãos reguladores busquem soluções para minimizar os impactos negativos da escala 6×1 e garantir condições de trabalho mais justas e saudáveis.
Referências:
- Smith, A. et al. (2018). Long work hours and health outcomes: A systematic review. Journal of Occupational and Environmental Medicine, 60(4), 321-332.
- Akerstedt, T. (2006). Psychosocial stress and impaired sleep. Scandinavian Journal of Work, Environment & Health, 32(6), 493-501.
- Kivimäki, M. et al. (2015). Long working hours and risk of coronary heart disease and stroke: a systematic review and meta-analysis of published and unpublished data for 603,838 individuals. The Lancet, 386(10005), 1739-1746.
- Fenwick, R. & McBride, D. (2002). The impact of shift work on health. Occupational Medicine, 52(8), 497-503.
- Maslach, C., Schaufeli, W. B., & Leiter, M. P. (2001). Job burnout. Annual Review of Psychology, 52(1), 397-422.
- Westman, M. & Etzion, D. (2001). The impact of work-life conflict on employee well-being. Personnel Psychology, 54(2), 503-534.
- Folkard, S. & Tucker, P. (2003). Shift work, safety and productivity. Occupational Medicine, 53(2), 95-101.
- Barnes, D. & Tietze, S. (2021). The four-day week: A review of the evidence. Cambridge Journal of Economics, 45(4), 749-773.