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“O Cortiço”, obra-prima de Aluísio Azevedo publicada em 1890, é um marco do Naturalismo na literatura brasileira. O romance retrata a vida em um cortiço no Rio de Janeiro do final do século XIX, revelando as mazelas sociais da época e as tensões decorrentes da rápida urbanização e da chegada de imigrantes.
A obra se destaca pela sua linguagem crua e direta, que não esconde a miséria, a violência e a exploração presentes no ambiente do cortiço. A narrativa em terceira pessoa onisciente permite ao autor explorar a psicologia dos personagens e as relações de poder que se estabelecem entre eles.
O cortiço, como espaço físico e social, é um personagem central da obra. Ele representa a degradação humana, a promiscuidade e a luta pela sobrevivência. A vida no cortiço é marcada pela falta de higiene, pela violência e pela exploração dos mais fracos pelos mais fortes.
Os personagens de “O Cortiço” são tipos sociais representativos da época. João Romão, o proprietário do cortiço, é um explorador ambicioso e sem escrúpulos. Bertoleza, sua amante, é uma escrava fugida que vive sob o jugo de João Romão. Jerônimo, um português trabalhador, é seduzido pela sensualidade da mulata Rita Baiana e se entrega à vida boêmia do cortiço.
A obra de Aluísio Azevedo é uma crítica contundente à sociedade brasileira da época, marcada pela desigualdade social, pela exploração do trabalho e pela falta de oportunidades para as camadas mais pobres da população. O autor denuncia a hipocrisia da elite e a violência do sistema escravocrata, que ainda persistia mesmo após a abolição.
“O Cortiço” é uma obra fundamental para a compreensão da realidade social e histórica do Brasil no final do século XIX. A leitura do livro nos convida a refletir sobre as desigualdades que ainda persistem em nossa sociedade e sobre a importância da luta por um mundo mais justo e igualitário.