Morte e Vida Severina: Entre a Seca e a Esperança

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“Morte e Vida Severina”, obra-prima do poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto, é um poema dramático que nos conduz ao árido sertão nordestino. Neste texto, exploraremos sua dimensão trágica, a crítica social e a esperança que permeia a jornada do protagonista.

A Condição do Retirante

O poema retrata a trajetória de Severino, um retirante que deixa o sertão em busca de melhores condições de vida no litoral.
A aridez da terra, a pobreza e as injustiças sociais são percebidas de forma contundente. O autor descreve o enterro de um homem assassinado por latifundiários, revelando a universalidade da miséria do retirante1.

A Morte como Empregadora do Sertão

Severino, ao vagar pela Zona da Mata, testemunha muitas mortes. Ele percebe que a morte é a maior empregadora da região, do médico ao coveiro.
Contudo, a persistência da vida é a única maneira de vencer a morte. O poema culmina com a renovação da esperança, simbolizada pelo nascimento do filho de um carpinteiro, indicando o nascimento de Jesus e a redenção.

Estilo Literário e Crítica Social

João Cabral utiliza uma linguagem objetiva e ritmada, exaltando a tradição pastoril. Seu realismo choca ao desbancar a identidade pessoal em prol da condição miserável do retirante.
A obra é uma ode ao pessimismo, aos dramas humanos e à capacidade de adaptação dos nordestinos. Ela denuncia o esquecimento e a negligência do Estado em regiões vulneráveis.

“Morte e Vida Severina” transcende o tempo e continua atual, ecoando as lutas dos excluídos. João Cabral, com sua poesia visceral, nos convida a refletir sobre a vida, a morte e a esperança que persiste mesmo nas adversidades.