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A imagem de um miliciano geralmente evoca a figura de um homem armado, impondo sua lei através da violência e da intimidação. No entanto, uma tática cada vez mais comum entre esses grupos criminosos é a apropriação da fé como ferramenta de manipulação, buscando limpar sua imagem e expandir seu poder dentro das comunidades.
A estratégia é simples, mas eficaz: milicianos passam a frequentar ativamente igrejas e outros espaços religiosos, apresentando-se como pessoas de fé e bons cidadãos. Participam de cultos, doam recursos para obras sociais, e em alguns casos, chegam a assumir cargos de liderança dentro das congregações. Essa postura cria uma falsa aura de respeitabilidade, levando muitos moradores a acreditarem que os milicianos são “pessoas de bem” que estão ali para proteger a comunidade.
No entanto, por trás dessa máscara de devoção religiosa, escondem-se interesses escusos. A fé é utilizada como um instrumento para justificar ações criminosas, manipular a opinião pública e garantir a lealdade da população. Os milicianos “em pele de cordeiro” pregando valores como a honestidade e o respeito ao próximo, enquanto continuam a extorquir moradores, explorar serviços ilegais e eliminar seus rivais com crueldade.
Essa tática de manipulação da fé traz consequências graves para as comunidades. A confiança nas instituições religiosas é abalada, a violência é naturalizada e o poder dos milicianos se fortalece. Moradores se sentem pressionados a aderir ao discurso religioso dos criminosos, temendo represálias caso se oponham a eles. Cria-se um clima de medo e silêncio, que dificulta a denúncia de crimes e a ação do Estado.
É fundamental que as instituições religiosas estejam atentas a essa estratégia de infiltração do crime organizado e reforcem seus valores éticos, combatendo a manipulação da fé para fins criminosos. A sociedade como um todo precisa estar consciente dessa tática e desenvolver mecanismos de resistência, denunciando as ações dos milicianos e exigindo a intervenção do poder público. A fé deve ser um instrumento de paz, justiça e solidariedade, e não uma arma nas mãos de criminosos.
Para saber mais:
- “Em nome de Deus”: como as milícias se aproveitam da fé para dominar territórios – Extra
- Milícias usam a religião como escudo para a expansão de seus domínios – O Globo
- Fé e crime: a relação entre religião e o crime organizado no Brasil – Revista Fórum
- A infiltração das milícias nas igrejas e o uso da religião como instrumento de poder – Agência Pública