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“Grande Sertão: Veredas”, obra-prima de Guimarães Rosa publicada em 1956, é um marco na literatura brasileira e mundial. A narrativa, em forma de longo monólogo do ex-jagunço Riobaldo, mergulha o leitor nas profundezas do sertão mineiro, tanto em seu aspecto físico quanto no universo interior de seus habitantes.
A linguagem inovadora e experimental de Rosa é um dos grandes destaques da obra. O autor reinventa o vocabulário, mesclando neologismos, expressões regionais e construções sintáticas inusitadas, criando uma língua própria que reflete a oralidade e a cultura sertaneja.
Riobaldo, o narrador-protagonista, é uma figura complexa e multifacetada. Sua busca por Diadorim, seu companheiro de armas e objeto de um amor ambíguo, é o fio condutor da narrativa. A relação entre os dois, permeada de desejo, admiração e dúvidas sobre a identidade de gênero de Diadorim, é um dos pontos centrais da obra.
A jagunçagem, com seus códigos de honra e violência, é retratada de forma crua e realista. A vida no sertão, marcada pela dureza do ambiente e pela luta pela sobrevivência, é apresentada em toda a sua complexidade.
A religiosidade, presente nas crenças populares e na relação com o sagrado, permeia a narrativa. A fé, a superstição e o misticismo se misturam, refletindo a espiritualidade do sertanejo.
A obra de Guimarães Rosa transcende a mera descrição do sertão e se transforma em uma profunda reflexão sobre a condição humana. A busca pela identidade, o amor, a amizade, a violência e a religiosidade são temas universais abordados de forma inovadora e poética.
“Grande Sertão: Veredas” é uma obra desafiadora e recompensadora, que exige do leitor atenção e sensibilidade. A leitura da obra é uma experiência transformadora, que nos convida a repensar nossa relação com o mundo e com nós mesmos.