A Sísifização Social: Uma Reflexão Sobre a Pressão do Absurdo

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Em um mundo marcado pelo absurdo, como o descrito por Albert Camus em “O Mito de Sísifo”, vemos a repetição incessante de um fardo imposto às pessoas: a pressão social. Assim como Sísifo, condenado a rolar uma pedra morro acima apenas para vê-la rolar de volta repetidamente, muitos indivíduos são submetidos a cumprir regras sociais que parecem não ter um propósito real ou significativo.

Nas páginas dos livros, nas telas do cinema e da televisão, encontramos narrativas que refletem essa dura realidade. Personagens fictícios e suas lutas existenciais se entrelaçam com a política brasileira, uma arena permeada por normas e convenções que se assemelham ao martírio de Sísifo.

Na literatura, vemos em Kafka a expressão máxima do absurdo. Suas obras, como “O Processo” e “A Metamorfose”, retratam indivíduos confrontados por um sistema burocrático opressor, no qual são compelidos a seguir regras e normas sem qualquer propósito aparente. O protagonista Gregor Samsa, metamorfoseado em inseto, simboliza a alienação do indivíduo diante das demandas sociais, como se tivesse sido condenado a rolar sua própria pedra.

No cinema, o absurdo social é capturado em obras como “Tempos Modernos”, de Charlie Chaplin. O vagabundo enfrenta uma série de situações cômicas e desumanizadoras em uma sociedade industrializada e impiedosa. Seu esforço para se adequar às regras impostas é tão fútil quanto a tentativa de Sísifo de manter a pedra no topo da montanha.

Na televisão, séries como “Black Mirror” e “The Handmaid’s Tale” também nos confrontam com a pressão social e suas consequências. Os episódios apresentam distopias nas quais as regras sociais são exacerbadas, controlando e reprimindo indivíduos em busca de um propósito vazio. Essas narrativas alertam para a necessidade de questionar as normas impostas, a fim de evitar a sísifização social.

Voltando à realidade política brasileira, encontramos um cenário em que o peso da pedra parece aumentar a cada dia. O absurdo se manifesta em discursos autoritários, em decisões arbitrárias que minam direitos conquistados e em uma imposição de valores que não refletem as necessidades e diversidades da sociedade. A pressão social, nesse contexto, é a mola propulsora da manutenção dessas regras injustas e vazias de significado.

Desafiar a sísifização social requer uma análise crítica das normas impostas, a busca por um propósito real e significativo. Assim como Sísifo, precisamos questionar o absurdo de rolar a pedra morro acima, reconhecendo que o fardo que nos é imposto muitas vezes não passa de uma ilusão socialmente construída. Somente então poderemos encontrar caminhos para uma sociedade mais livre, autêntica e plena de significado.