A Mão e a Luva: O Jogo de Aparências e Interesses na Sociedade Carioca do Século XIX

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“A Mão e a Luva”, primeiro romance de Machado de Assis, publicado em 1874, apresenta uma análise perspicaz da sociedade carioca do século XIX, com foco nas relações interpessoais e nos jogos de interesse que permeiam o casamento. A narrativa, centrada na jovem Guiomar e seus três pretendentes, explora a complexidade dos sentimentos humanos e as motivações por trás das escolhas amorosas.

Guiomar, a protagonista, é uma jovem inteligente e ambiciosa, que busca um casamento que lhe proporcione segurança financeira e ascensão social. Seus pretendentes, Estêvão, Jorge e Luís Alves, representam diferentes possibilidades de futuro para a jovem. Estêvão, o poeta romântico, oferece amor e idealismo, mas carece de recursos materiais. Jorge, o amigo de infância, é um homem gentil e afetuoso, mas sem grandes ambições. Luís Alves, o homem maduro e bem-sucedido, representa a segurança financeira e o status social que Guiomar almeja.

A narrativa de Machado de Assis é marcada pela sutileza e pela ironia. O autor explora a psicologia dos personagens, revelando suas motivações e seus conflitos internos. A linguagem elegante e precisa, característica do autor, contribui para a construção de um retrato fiel da sociedade da época.

“A Mão e a Luva” é uma obra que transcende o seu tempo, abordando temas universais como o amor, a ambição, a vaidade e a hipocrisia. A crítica social presente na obra é sutil, mas contundente, revelando os mecanismos de poder e os jogos de interesse que permeiam as relações sociais.

A obra de Machado de Assis nos convida a refletir sobre as escolhas que fazemos na vida e as consequências dessas escolhas. A história de Guiomar e seus pretendentes nos mostra que o amor nem sempre é o fator determinante nas relações humanas, e que a ambição e o interesse podem prevalecer sobre os sentimentos.