Getting your Trinity Audio player ready...
|
O identitarismo, amplamente discutido nos Estados Unidos, vem ganhando destaque no Brasil, influenciando os debates políticos e culturais do país. Inspirado por movimentos sociais de minorias, como o feminismo, o movimento negro, LGBTQIA+ e o ambientalismo, o identitarismo no Brasil busca a valorização de identidades específicas e suas lutas históricas por direitos. No entanto, o termo também tem gerado reações diversas na sociedade, polarizando visões e influenciando estratégias políticas tanto da esquerda quanto da direita.
A adoção de pautas identitárias tem contribuído positivamente para a visibilidade e a criação de políticas públicas voltadas a grupos marginalizados. Desde a implementação de leis e políticas afirmativas até o fortalecimento do debate sobre igualdade de gênero e raça, o identitarismo tem impulsionado uma nova consciência sobre as desigualdades estruturais brasileiras. Movimentos como a Marcha das Mulheres Negras, a Parada do Orgulho LGBTQIA+ e o crescente protagonismo indígena nas pautas ambientais são exemplos de como a política identitária proporciona visibilidade e força para minorias no Brasil.
No entanto, a ascensão do identitarismo no Brasil também provocou reações que vão desde críticas ao que muitos consideram um “excesso de politização” até acusações de divisionismo. Em setores conservadores e de extrema-direita, há um discurso que classifica o identitarismo como um desafio aos “valores tradicionais”, similar à retórica dos movimentos anti-woke nos Estados Unidos. Líderes políticos e influenciadores conservadores no Brasil têm usado o termo “identitarismo” para denunciar práticas que, segundo eles, “dividem a sociedade em vez de uni-la”.
Esse fenômeno gerou um fenômeno que alguns teóricos chamam de “polarização identitária”. Grupos conservadores questionam a eficácia de políticas voltadas a minorias, como as cotas raciais e de gênero, alegando que elas “fragilizam a meritocracia”. Em contraste, a esquerda se posiciona a favor de políticas reparadoras como forma de justiça histórica, promovendo igualdade para populações que historicamente foram excluídas de diversas oportunidades.
Outro impacto importante do identitarismo no Brasil é a sua incorporação no marketing político e na publicidade de empresas, como a valorização da diversidade nos anúncios e a defesa pública de causas sociais. Termos como “capitalismo woke” têm sido associados a essa prática, especialmente em situações em que ações de responsabilidade social corporativa são vistas como estratégias para capitalizar sobre causas sociais. O exemplo mais marcante desse fenômeno ocorreu com empresas que, durante o Mês do Orgulho LGBTQIA+, apoiaram a causa, mas foram criticadas por não adotar políticas inclusivas internamente.
Com a aproximação de eleições, as pautas identitárias se tornam mais visíveis e influenciam diretamente o discurso político. Políticos brasileiros que se identificam com essas causas ganham apoio popular entre jovens e minorias, enquanto a direita conservadora faz uso do antidentitarismo para galvanizar sua base de apoio. Essa tensão evidencia o papel do identitarismo como elemento de transformação social e fonte de polarização no Brasil. A tendência é que, conforme as questões de identidade continuem sendo discutidas, o debate político brasileiro se torne cada vez mais influenciado por essas pautas, afetando diretamente a sociedade e os processos eleitorais