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Em um encontro histórico em 1922, o filósofo Henri Bergson e o físico Albert Einstein travaram um debate público sobre a natureza do tempo, expondo visões contrastantes que marcaram o século 20.
Enquanto Einstein, com sua teoria da relatividade, defendia a noção de tempo como uma dimensão física quantificável e objetiva, Bergson argumentava que a experiência subjetiva e qualitativa do tempo, a “duração”, era fundamental e irredutível à mera mensuração.
O confronto entre o “tempo dos filósofos” e o “tempo dos físicos” evidenciou a crescente divisão entre as ciências humanas e exatas, suscitando questões sobre a autoridade de cada campo do conhecimento na compreensão da realidade.
Bergson, renomado por sua obra sobre a intuição e a consciência, desafiou a interpretação de Einstein sobre o tempo, argumentando que a relatividade não invalidava a importância da experiência vivida. Ele criticou a tendência de reduzir o tempo a uma mera espacialização, representada pela imagem linear de passado, presente e futuro.
O paradoxo dos gêmeos, um dos pilares da teoria da relatividade, foi analisado por Bergson em seu livro “Duração e Simultaneidade”. Ele questionou a equivalência entre o tempo medido por relógios e o tempo vivenciado por seres humanos, alertando para o risco de reduzir a vida a um mecanismo.
Embora a visão de Einstein tenha se consolidado na comunidade científica, o debate com Bergson lançou luz sobre questões epistemológicas e ontológicas cruciais, que continuam a instigar reflexões sobre a natureza do tempo e a relação entre ciência e filosofia.