Atividade Cerebral em Experiências de Quase Morte

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Experiências de Quase Morte (EQMs) são relatos de indivíduos que passaram por situações de morte clínica e foram reanimados, descrevendo vivências como visões de luz, revisão da vida e sensação de sair do corpo. A base neurobiológica dessas experiências tem sido objeto de estudo e debate na comunidade científica.

Evidências Científicas:

Estudos em animais, como os realizados por Borjigin e colegas em 2013 e 2015, demonstraram um aumento significativo na atividade de neurotransmissores, como serotonina, dopamina e noradrenalina, após a parada cardíaca em ratos. Essa atividade cerebral intensificada, nunca observada em animais vivos, sugere que o cérebro pode entrar em um estado hiperativo durante a morte clínica.

Em humanos, relatos de EQMs são comuns, mas a natureza subjetiva dessas experiências dificulta sua investigação científica. No entanto, alguns estudos têm tentado correlacionar relatos de EQMs com medidas fisiológicas e neurológicas. Um estudo de 2014 publicado na revista Resuscitation, por exemplo, relatou que alguns pacientes que tiveram EQMs apresentaram atividade cerebral mensurável durante a parada cardíaca.

Análise Crítica:

A interpretação dos dados científicos sobre a atividade cerebral em EQMs é complexa e controversa. Alguns pesquisadores argumentam que a atividade cerebral observada em animais e humanos durante a morte clínica pode ser um mecanismo de proteção do cérebro contra a falta de oxigênio, enquanto outros sugerem que essa atividade pode estar relacionada à consciência e à experiência subjetiva.

É importante ressaltar que os estudos em animais não podem ser diretamente extrapolados para humanos, e que a natureza subjetiva das EQMs torna difícil estabelecer uma relação causal entre a atividade cerebral e a experiência relatada. Além disso, fatores como medicamentos, condições médicas preexistentes e expectativas culturais podem influenciar a ocorrência e o conteúdo das EQMs.

Perspectivas Futuras:

A pesquisa sobre a atividade cerebral em EQMs ainda está em seus estágios iniciais e muitas questões permanecem em aberto. Estudos futuros com maior rigor metodológico e amostras maiores são necessários para elucidar os mecanismos neurobiológicos subjacentes às EQMs e suas implicações para a compreensão da consciência e da morte.

Referências:

  • Borjigin, J., et al. (2013). Surge of neurophysiological coherence and connectivity in the dying brain. Proceedings of the National Academy of Sciences, 110(35), 14432-14437.
  • Parnia, S., et al. (2014). AWARE—AWAreness during REsuscitation—A prospective study. Resuscitation, 85(12), 1799-1805.